Tempos
atrás escrevi um post falando sobre Pressa, cujo título é: A pressa não é do diabo; ela é o diabo (dlvr.it/31wjVC ).
No final falei que continuaria o assunto em outro momento. Chegou o momento. E
nada mais oportuno que completar esse assunto falando sobre oração, mas
especificamente sobre a Disciplina da Oração. Mas existe diferença? Sim, e
muita. A palavra Disciplina pode não
ser do agrado de muitos (por tempos também não foi do meu), até perceber que
independente de gostar ou não, as coisas mais ordenadas e organizadas na vida o são pela prática da Disciplina.
Tenho que ter disciplina para estudar, para trabalhar, para cuidar das
finanças da minha casa, tenho que ter disciplina para servir com qualidade e
ordem no Reino de Deus, etc, etc, etc... Tenho que ter disciplina até para meus
momentos de lazer. Então, por que não aplicar essa mesma habilidade para
momentos especiais de Oração?
Antes de entrar no assunto quero dar um pequeno testemunho:
Há muitos anos sirvo a Deus e aos irmãos, e nessa caminhada fui acumulando
atividades e ‘títulos’ diversos, servindo com bastante alegria e eficiência, mas
com minhas orações sendo feitas na sua grande maioria na correria do dia, no
carro, no ônibus, nas atividades da igreja, etc... Claro que tinha meus
momentos de orações a sós com Deus, mas (sempre
o ‘mas’) eram pedidos feitos pelas pregações que iria fazer, pelas
atividades que iria exercer, por alguém, etc. Dificilmente era pelo prazer,
pelo puro prazer de estar na presença de Deus, pelo prazer de estar falando com
meu melhor Amigo, pela gratidão da Sua presença. Dois anos se passaram desde
que essa realidade mudou completamente. Vi-me em uma situação onde só tinha
‘sobrado’ Deus (me constrange usar essa
palavra, mas ela exemplifica melhor a situação), sem amigos de longas
datas, longe da família, longe da minha cidade natal, lutando como um soldado
em prol de uma causa. A Causa. E nessa situação aprendi, tive que aprender, a
Orar, não só “estar em oração”, mas parar em um lugar e dizer “Deus, meu Aba, estou aqui, vamos conversar meu
amigo, por favor.” E assim faço, graças ao meu Amigo,
até hoje. É desse tipo de Disciplina que conversaremos a partir de agora.
Leia
com atenção, anote, compartilhe e se possível contribua com seus comentários.
Obs: Usarei a partir de agora anotações do livro Celebração da
Disciplina, de Richard Foster, da Editora Vida, que estarão em azul.
A
meditação nós introduziu a vida interior... mas é a Disciplina da Oração que
nos leva ao agir mais profundo e elevado do espírito humano. A oração verdadeira cria vida e muda a vida. “A oração fervorosa, confiante – está na raiz de toda santidade
pessoal”, escreve William Cary.
Orar é mudar. A
oração é a principal via usada por Deus para nos transformar. Se não
estivermos dispostos a mudar, deixaremos a oração de lado, e ela não será uma característica perceptível em nossa vida.
Quando oramos, porém, Deus lenta e graciosamente revela-nos os movimentos de
esquiva e liberta-nos deles.
“De
madrugada, quando ainda estava escuro, Jesus levantou-se, saiu de casa e foi
para um lugar deserto, onde ficou orando (Marcos1:35)”.
“Ó
Deus, tu és o meu Deus; de madrugada te buscarei (Sl 63:1)”.
Martinho Lutero um dia
declarou: “Tenho tanto que fazer que não consigo prosseguir sem gastar três
oras diárias de oração.” Adoniran Judson, um missionário estadunidense, que
atuou na Birmânia, atual Myanmar, por quase 40 anos, onde ficou evangelizando
os nativos, e que também ajudou na organização da língua birmanesa, (Wikipédia) procurava-se
isolar-se dos negócios e da empresa sete vezes por dia, a fim de engajar-se na
tarefa sagrada da oração. Ele começava de madrugada; depois mantinha um tempo
de oração reservada às nove da manhã, ao meio-dia, as três e às seis da tarde, as
nove e à meia noite.
Entretanto,
muitos ficam desanimados, e não desafiados, com exemplos assim. As experiências
dos “gigantes da fé” parecem tão superiores que somos tentados a entrar em
desespero. Antes, porém, de nos flagelarmos por nossa óbvia incapacidade,
devemos lembrar-nos de que Deus sempre nos encontra onde estamos e lentamente
nos leva a regiões mais profundas. Corredores eventuais não passam
repentinamente a competir em maratonas. Eles se preparam, treinando durante
certo tempo, e devemos fazer o mesmo.
“A oração representa para a religião, aquilo
que a pesquisa representa para a ciência”. P.T Forsythe
Soren
Kierkegaard certa vez observou: “Um homem orava, e no início, pensou que a
oração equivalia a falar. Contudo, à medida que foi ficando cada vez mais
quieto, percebeu que a oração é ouvir”. É preciso ouvir, conhecer e obedecer à
vontade de Deus antes de harmonizá-la, em oração, com a vida de alguém. Nas
questões físicas, temos sempre a tendência de orar primeiro pelas situações
mais difíceis, como câncer em estágio terminal ou esclerose múltipla. Se,
porém, soubermos ouvir, aprenderemos a importância de iniciar com problemas
menores, como resfriado ou dor de ouvido. Os sucessos nos pequenos aspectos da
vida dão-nos autoridade nas questões maiores.
De fato, se verdadeiramente amarmos as pessoas, desejaremos para
elas bem mais do que podemos dar, e isso nos levará a oração.
Jesus, no entanto, ensinou
que devemos nos aproximar dele como a criança que procura o pai. Sinceridade,
honestidade e confiança são as marcas da comunicação entre pai e filho. “A alma
dará à luz a pessoa se Deus se Deus sorrir para ela e se ela retribuir o
sorriso”, disse Meister Eckhart.
Querido leitor (a),
Oro para que você tenha lido com
atenção e passe a refletir ainda mais sobre esse assunto fundamental da fé e
caminhada cristã. Que essa disciplina faça parte de tantas outras que você já
tem. Que brote do seu coração um desejo insaciável pela Oração. Uma alegria de
separar momentos com o Autor da vida, aquele que conhece o mais íntimo do seu
ser, e que tem as respostas. ELE TEM AS RESPOSTAS.
Termino com
uma observação do arcebispo William Temple:
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